Eu comecei a tal da terapia

@sarahaqueiroz
4 min readMay 15, 2020

É triste ter que admitir que a vontade de fazer, criar e agir está ficando cada vez mais rara. A tal da motivação mudou bastante nas últimas semanas. Até porque eu ando questionando tudo em relação a minha vida, e em alguns momentos perco a mão.

É normal em época de isolamento social ficarmos mais reflexivos e agirmos mais como espectadores do universo exterior. Perguntas como “o que eu to fazendo aqui?”, “por que escolhi fazer esse trabalho?”, sempre aparecem.

E eu não sei exatamente como você está lidando com esses vazios existências, ou se pretende lidar com eles em algum momento, mas eu decidi que encarar os incômodos e problemas em mim de frente.

Como uma forma de tentar responder essas dúvidas, comecei a terapia. Já de cara AMEI (tudo bem se não for assim pra você), mas ao longo desse primeiro mês descobri várias coisas sobre mim, que de alguma forma eu não estava sabendo entender ou lidar.

Como por exemplo: dores de barriga.

Desde que o isolamento social começou, percebi uma dor de barriga constante. Eu tenho essa dor de barriga todas as vezes que estou muito nervosa, mas dessa vez, por algum motivo, a dor de barriga não parava.

Eu não estava fazendo exercício físico, estava esperando a demissão do trabalho CLT chegar, sem ver as amigas e o namorado piorou bastante, além do fato de ter que conviver com meus pais, que são ligados no 220, 24h/7. Não, não tava fácil e dá para entender o motivo.

A partir desse sinal fisiológico e de outras piras internas, decidi começar a terapia. Até agora tem sido uma experiência muito boa. Descobri que sou uma pessoa sinestésica, isso significa que para mim o toque, o conforto e o trabalho com o corpo em geral são extremamente importantes, ou seja, estar sem fazer exercícios físicos para mim nesse período era quase como tortura.

Para resolver essa segunda questão, falei com meu namorado Lucas para me ajudar nessa missão, e assim fomos pedir para um amigo dele personal trainer nos passar atividades em casa.

O Gabriel está mandando exercícios diariamente para a gente, e eu tenho mantido minha prática bem firme. Não somente por causa das gordurinhas nas minhas costas, mas porque para mim, ficar sem exercício físico significa cair em completa depressão e desleixo comigo mesma.

Perceba, estou me referindo a mim completamente, isso não necessariamente vai ser a “resposta” para você. Estou compartilhando a minha lente de vida com relação a uma experiência pessoal.

Outra coisa que estava me fazendo muito mal era o fato de não ver gente, não somente eu, mas acho que todo mundo que gosta de gente está sofrendo com esse distanciamento.

Como resolver? Bom, eu continuo sem ver as pessoas, mas tento abraçar meus pais e meu cachorro sempre quando posso. E videochamadas, grupos do whats com a galera da firma também amenizam esse dorzinha interna chamada saudade. Outra coisa que me ajuda bastante, escrever. Colocar para fora o que está dentro sempre me faz bem.

Essas foram duas das coisas que descobri na terapia, a terceira é que eu gosto de novidades, meu perfil é inovador, não consigo me manter parada em uma mesma atividade por um período muito longo de tempo como o de meses… e isso afeta muito o meu trabalho e a minha motivação com relação a ele. Essa questão ainda não consegui resolver, mas aos poucos vou trabalhando em cima.

Deixando claro que eu estou assim e talvez não seja assim para sempre, e isso não é um defeito, apenas uma característica que é importante eu estar ciente para poder entender meu comportamento em diferentes situações.

E aonde eu quero chegar com tudo isso?

Não sei exatamente, mas acho que a dor ou a alegria quando compartilhadas podem fazer muito sentido para outras pessoas tanto quanto fizeram para mim. Quem sabe eu não te incentivo a fazer algo por você, né?

Amor próprio em um momento como esse é crucial. Saber se cuidar, cuidar de quem a gente ama, ceder pelo bem do coletivo, é tudo uma questão de amor e de lentes que decidimos encarar a vida.

Sem contar que eu sou fã de me conectar com as pessoas, acho que essa é a nossa maior força como seres humanos e é engraçado o paradoxo da vida e do momento em que estamos vivendo.

Uma das nossas maiores habilidades é se conectar, e mesmo assim, antes dessa merda de Covid-19, vivíamos conectado a o que exatamente? Nossos celulares?

Não sei, a vida estava estranha e para mim continua. Se você também ta meio assim… me contaaaaa! Eu to louca para escutar o seu lado ao longo dessa pandemia.

Um beijo, espero ter ajudado em algo.

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@sarahaqueiroz

feito com vários amores and sabores. I'm Brazilian and Italian but I also speak and published in English. linktr.ee/sarahaqueiroz